Saúde mental de minorias na pandemia de COVID – 19
Assim que foi anunciado o primeiro caso de COVID -19 no Brasil, me lembro que houve um grande aumento de procura pelo meu trabalho (psicoterapia), além de inúmeras mensagens de desconhecidos me perguntando nas redes sociais, sobre como poderiam controlar suas crises de ansiedade. Naquele momento percebi, que teríamos um aumento considerável na demanda por tratamento em saúde mental durante a pandemia.
É importante destacar que houve uma descontinuidade nos serviços de atenção psicossocial no início da pandemia, entre outros motivos, a prioridade era o combate ao vírus e o grande aumento de internações e intubações em todo o país.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) em estudo de 2020 a pandemia interrompeu serviços essenciais de saúde mental em 93% dos países, inclusive no Brasil. Ao mesmo tempo, houve aumento de demanda por saúde mental em pelo menos 130 países.
De acordo com reportagem da CNN (2021), a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgou um estudo, em que revela que os impactos foram mais acentuados de acordo com marcadores sociais, que incluem raça, gênero, classe social, territórios, dinâmica social e econômica e a sexualidade.
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Houve piora da saúde mental da população LGBTQIA+, afastamento da rede de apoio e ausência da fonte de renda. O estudo identificou que 6 em cada 10 pessoas dessa população, tiveram diminuição ou ficaram sem renda por causa da pandemia.
Quase 60% já está sem trabalho há um ano ou mais. A taxa de desemprego entre esse grupo é de 17,1%, subindo para 20,4% entre pessoas trans.
Esses dados só expõem o abismo social em que estamos no Brasil, todo esse problema socioeconômico não se iniciou na pandemia, principalmente no que tange a vulnerabilidade das minorias, essa só é a exposição de uma ferida antiga na sociedade.
São necessárias políticas públicas não só em saúde, mas principalmente de assistência social, que visam inserção no mercado de trabalho e que garanta estabilidade para todos. Políticas que visam acessibilidade a moradia e alimentação não só em tempos de emergências, mas que sejam contínuas.
Que haja um aprendizado no fim do túnel!
Autoria: Samir Dias
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