Percepção de Alteridade e Percepção de ‘EU’
- Postado por Sonia Menezes
- Categorias Bem-Estar, Saúde Integral
Alteridade é uma consciência que se constitui a partir de situações de contraste entre ‘mim’ e outra pessoa, na escala mais individual, ou entre ‘minha’ cultura e relação a outra.
Do latim alteritas, que significa ser o outro, designa o exercício de colocar-se no lugar do outro, de perceber o outro como uma pessoa singular e subjetiva. Muito mais que um conceito, é uma prática. Ela consiste, basicamente, em entender as angústias do outro e tentar pensar no sofrimento do outro. Alteridade também é reconhecer que existem culturas diferentes e que elas merecem respeito em sua integridade.
A formação de uma identidade muito ocorre a partir da reafirmação de uma diferença entre si e o outro. Quando percebemos diferenças entre nós e os outros, conseguimos nos enxergar com maior objetividade. A importância da diversidade está intrínseca em nosso dia a dia. Muitos processos opressores se reproduzem automatica e circularmente, por que aprendemos a odiar o diferente, a tentar eliminar o diferente. Um exemplo grosseiro disso é sobre a diversidade de gênero, mas nem precisamos ir diretamente a esse ponto, porque aqui, o preconceito é sobredeterminado. Pensando no especismo, como um exemplo mais simples, escolhemos algumas espécies para domesticar, outras para serem convertidas em produtos, e outras, decidimos que temos que matar, só isso. Nem é necessário que alguma ação nociva, por parte do animal, esteja acontecendo, matar está previamente autorizado e pronto. Tem gente que não pode ver um inseto, que logo tem o impulso de exterminá-lo. Como se os insetos não fossem absolutamente importantes para a nossa vida, e para o equilibrio da vida no planeta. Tanta coisa pode ser argumentada, que a mente quase explode, em oferta de vieses. Defensores do especismo vão alegar, entre muitas coisas, que o cérebro humano é superior e que isso seria a base que justifica a dominação. Então, se isso é um parâmetro legítimo, deveríamos estar prontos para sermos dominados pelos golfinhos ou polvos, que têm uma complexidade muito maior , em seus cérebros, do que a nossa.
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Polvos possuem um cérebro central e oito paralelos, um dentro de cada tentáculo – num conjunto que totaliza 500 milhões de neurônios. Os tentáculos concentram 70% dos neurônios, e são capazes de se comunicar diretamente uns com os outros, sem passar pelo cérebro central. O cérebro dos golfinhos supera o cérebro humano em muitos aspectos. A complexidade do córtex cerebral dos golfinhos é enorme. O número de neurônios é 50% maior que o do homem. O cérebro humano adulto pesa cerca de 1450 gramas e o do golfinho cerca de 1700 gramas. Convenhamos, são as métricas antropocentristas, e não as capacidades cerebrais, que determinam a dominação humana sobre os animais. Isso, pra não falar de argumentos escriturais, que são utlizados à gosto, e que não aceitam negociação lógica. Não falaremos desse aspecto, nesse momento.
É na multiplicidade que encontramos oportunidades de aprendizagem de práticas de habilidades diferentes e isso enriquece. Não existe desenvolvimento de inteligência emocional sem o outro, sem o diferente, sem a diversidade. Isso também vale para a habilidade social da compreensão.
O brasileiro experimenta a diversidade em sua rotina diariamente, o que, potencialmente, é uma enorme oportunidade de gerar uma cidadania de incrível robustez.
É preciso desenvolver pensamento crítico e sair do engessamento perverso do padrão hegemônico, seja sobre lá, o que for. A consciência do multiculturalismo é um ato político.
Autoria: Sonia Menezes
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Sonia Menezes é escritora e psicóloga clínica, especializada em telepsicologia. Com formação em Psicologia, conta com uma Extensão em Ética de Direitos Humanos, e é pós-graduanda em Antropologia e Psicologia Social , e também em Diversidade Sexual e de Gênero. Autora do livro “O Amor, o Amar e os Amantes – Uma conversa sobre relações mono e poliafetivas”. Idealizadora dos projetos:
*Rizoma – Psicologia e Saúde Integral
*Zeitgeist – Grupo de Reflexões sobre Tecnologia e Psicologia
*Co-criar – Mulheres da Mantiqueira
*LibertAmor – Estudos sobre Amor e Relacionamentos.
Amante da natureza, cultiva profundo respeito pela alteridade, solidarizando com os movimentos de libertação humana e libertação animal. Sonha com um mundo onde o sofrimento seja minimizado e acredita que o caminho é o despertar da consciência crítica.