Onde está a minha Homofobia?
- Postado por Francis Kich
- Categorias Cidadania
Onde está a minha homofobia?
O conceito de homofobia foi cunhado pelo psicólogo clínico George Weinberg em 1972. Na etimologia da palavra homo corresponde a igual, enquanto que fobia corresponde ao medo. Trata-se então de um conjunto de emoções e sentimentos negativos para com pessoas homossexuais e homossexualidades; trata, também, do receio às pessoas e do receio de ser ou pensar que os outros pensem que o sujeito seja homossexual; trata do ato de evitar pessoas ou situações que figurem como homossexuais, expresso por sentimento de ódio e repulsa.
No contexto internacional, a Associação Americana de Psiquiatria retirou, em 1973, o termo homossexualismo do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) . Em 1990, a OMS retirou ‘homossexualismo’ (termo em desuso) da Classificação Internacional de Doenças , especificamente do CID 10 . No contexto nacional, os conselhos de medicina e psicologia afirmam que a homossexualidade não é doença nem perversão. Em 1985 o Conselho Federal de Medicina retira homossexualidade das categorias de psicopatologia e em 1999 o Conselho Federal de Psicologia em sua resolução número 1, trata da proibição de tratamento como terapia de conversão.
Entretanto ainda se faz importante pensarmos como a homofobia se apresenta de modo internalizada, vejamos algumas delas: negação da sua orientação sexual (do reconhecimento das suas atrações emocionais e sexuais) para si mesmo e perante os outros; tentativas de mudar a sua orientação sexual; desprezo pelos membros mais “assumidos” e “óbvios” da comunidade Gay, Lésbica, Bissexual e Transgênero; desprezo por aqueles que ainda se encontram nas primeiras fases de assumir a sua homossexualidade; negação de que a homofobia/o heterossexismo/a bifobia/a transfobia e/ou sexismo são de fato problemas sociais sérios; desprezo pelos membros mais “assumidos” e “óbvios” da comunidade Gay, Lésbica, Bissexual e Transgênero; desprezo por aqueles que não são como nós; e/ou desprezo por aqueles que se parecem conosco; projeção de preconceitos num outro grupo alvo (reforçado pelos preconceitos já existentes na sociedade); tentativas de passar por heterossexual, casando com alguém do sexo oposto para ganhar aprovação social ou na esperança de “se curar”; fazer os outros rir através de mímicas exageradas dos estereótipos negativos da sociedade; desconfiança e crítica destrutiva a líderes da comunidade LGBT; relutância em estar ao pé ou em mostrar preocupação por crianças por medo de ser considerado “pedófilo”.
O problema não está em se identificar com alguma dessas afirmações colocadas anteriormente, pois os preconceitos estão colocados no leite eu bebemos todos os dias. Entretanto o importante é pensar que outras formas de sentir, pensar e agir quando percebemos que tais aspectos constituem a nossa subjetividade. Vamos conversar e entender por onde anda a nossa homofobia?
Francis Kich
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Francis Kich é homem gay, cis e em desconstrução da suas branquitudes e masculinidades. Participa do movimento LGBTQIA+ no interior do RS, embora resida em São Paulo. Possui mestrado em Psicologia social (UFS) e doutorado em psicologia (UFPE) com foco em dissidências sociais (de gênero e sexualidade) e realiza atendimento em psicoterapia clínica de base social e esquizoanalítica. Atende online pacientes do Brasil e pacientes que residem no exterior. Na modalidade presencial atende em São Paulo, no bairro Tatuapé.
Psicólogo CRP: 07 31647
Doutor em Psicologia - UFPE