O Protagonismo Feminino da Vulnerabilidade Social
- Postado por Gleydson Paiva
- Categorias Cidadania
Atualmente é muito comum depararmos com a grande presença de mulheres na política de Assistência Social como protagonistas das vivências da vulnerabilidade social e das violações de direitos. Muito importante considerar, que tal índice retrata a visível marginalização que as mulheres são colocadas na sociedade e, consequentemente, o fenômeno chamado feminização da pobreza, utilizado por muitos estudiosos nos temas de desigualdade social. Essa relação se estabelece com características pautadas no tradicional patriarcado que, legitima a hegemonia masculina como correta e, coloca as mulheres em papéis de submissão.
A atual configuração política do Brasil favorece o Neoliberalismo, centralizando o poder no Estado e nutrindo o modo de produção capitalista, se baseando na correlação de forças entre este Estado e a classe trabalhadora. Essa disputa estabelecida pela divisão entre classe trabalhadora e “burguesia”, é resultado de um sistema de governo excludente, no qual uma pequena parte da população detém o capital, enquanto a grande maioria precisa se manter no lugar de exploração para assegurar o sustentáculo da hegemonia burguesa. Essa cisão demarcada pela disputa resulta na vivência de situações de extrema pobreza por milhões de pessoas, que por consequência as colocam às margens da sociedade e, ao mesmo tempo, na vitrine da Vulnerabilidade Social, com negligência de acesso à saúde, à segurança alimentar e nutricional, à condições de moradia e habitação, à escolarização e inserção em políticas de trabalho e renda, bem como direitos civis, políticos e sociais.
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O Sistema Único de Assistência Social, através do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), atende as famílias dentro de determinado território, com o intuito de acompanhá-las e atendê-las no âmbito da proteção social, promoção da cidadania e da viabilização do acesso à garantia de direitos, bens e serviços. Este equipamento conta com o Serviço de Proteção e Atendimento Integral às Famílias (PAIF), que visa propiciar o acompanhamento sistemático das famílias, por meio da realização de oficinas, encaminhamentos para outros equipamentos que forem necessários, ações comunitárias, ações particularizadas e, principalmente, acesso aos benefícios das três esferas de governo, por meio do Cadastro Único para Programas Sociais.
Considerar a desigualdade social como característica própria das disputas de interesses de classes e, o CRAS, no contexto da Assistência Social, tem papel de extrema relevância na minimização da Questão Social, atuando na perspectiva de prevenir risco social e demais violações de direitos. As mulheres, por sua vez, se configuram como público majoritário do serviço de assistência, pois cada vez mais estão em posição de chefes de famílias, sendo muitas vezes mães solo tendo que proporcionar o sustento do seu lar e cuidar de seus filhos, já que dentro de uma sociedade marcada por muitos traços patriarcais naturalizam a ausência do pai na criação dos filhos e abandono do lar.
Essas mulheres chegam até o CRAS, com demandas de extrema pobreza, insegurança alimentar e ausência de renda. As pessoas pretas e pardas, por uma questão histórica de terem sido submetidas à processos de escravização, concentra em si altos índices de desnível social e, consequentemente, as mulheres pretas, são as protagonistas desses serviços. O equipamento vai ter o papel de acompanhar essas mulheres ofertando oficinas tanto para elas como para seu filhos, com a finalidade da família estar no CRAS com frequência, e também dessa oficina ser um meio de inclusão produtiva.
Portanto, é importante observar que o contexto histórico que se perpetua no país que vivenciamos, onde o protagonismo da vulnerabilidade social tem cor e gênero e, que isso não se traduz numa mera coincidência, mas sim, no resultado da sociedade que foi construída, já que nós, seres humanos complexos, somos componentes de uma construção social. Deste modo, cabe atenção à insuficiência das ações do Estado na sociedade capitalista, que gera o agravamento das expressões da questão social; a importância do Sistema Único de Assistência Social, e mais especificamente do papel do CRAS na vida dessas mulheres.
Autoria: Gleydson Paiva
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Gleydson Felipe Duque de Paiva é Assistente Social, Especialista em Gênero e Sexualidade
Tem experiências de atuação no Sistema Único de Assistência Social, tendo trabalhado em CRAS, CREAS, Centro de Cidadania LGBTQIA+, Vigilância Socioassistencial e Serviço de Acolhimento Institucional para Adultos e Famílias em Situação de Rua; atuação no Sistema Único de Saúde, por meio da Política Nacional de Saúde Mental, lotado no CAPSi e no Ambulatório Municipal de Atenção Integral em Saúde LGBTQIA+ de Resende-RJ.
Sua Inserção Política:
- Conselheiro de Gestão (2020/2023) do Conselho Regional de Serviço Social do Estado do Rio de Janeiro
- Coordenador de Área de Serviço Social da Aliança Nacional LGBTI+
- Conselheiro do Conselho Municipal de Assistência Social de Resende-RJ.
Suas Produções:
- Podcast PINTOSA
- Livro Políticas Descoloridas
- GT Banheirão: Grupo de Trabalho, Estudos e Subversão acerca do uso de banheiros para pessoas LGBTQIA+.