Equidade: Esperança na Geração Alpha
- Postado por Sonia Menezes
- Categorias Assuntos Gerais, Cidadania
As diferentes gerações são marcada por mentalidades que se desdobraram das gerações anteriores.
Cada época é marcada por determinados acontecimentos culturais, políticos, sociais e econômicos que impactam o contexto de vida, a visão de mundo e a forma de se relacionar das pessoas que nascem e vivem em determinado período.
Essa é a ideia que embasa a divisão por grupos geracionais.
Baby Boomers (nascidos entre 1946 e 1964), Geração X (1965-1980), Geração Y ou Millennials (1981-1996), Geração Z (1997-2010), Geração Alfa, que compreende os nascidos a partir de 2010.
Cada uma dessas gerações tem algumas características específicas e maneiras de pensar, agir, aprender e se comportar nos diferentes ambientes, como o escolar e o profissional.
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Baby Boomers (1946 até 1964)
Essa geração, que hoje tem entre 57 e 75 anos, recebeu esse nome em alusão ao aumento do número de nascimento de bebês depois do fim da 2a Guerra Mundial, em 1945. São indivíduos que viveram as grandes transformações do pós-guerra.
Em geral, criados com muita rigidez e disciplina, cresceram focados e obstinados, e valorizam muito o trabalho, a família, a realização pessoal, a estabilidade financeira e a busca por melhores condições de vida
Geração X (1965 até 1980)
Aqueles que têm entre 41 e 56 anos fazem parte de uma geração até então considerada desconhecida (x), que sucedeu os Baby Boomers.
Essas pessoas vivenciaram a fase da Guerra Fria e dos movimentos de grande impacto no cenário social e cultural, como Maio de 68, a onda hippie e a luta por direitos políticos e sociais.
No Brasil, coincide com o período da ditadura militar, o desenvolvimento industrial e o crescimento econômico.
Em um mercado de trabalho cada vez mais competitivo, as pessoas dessa geração dão valor ao diploma formal e à capacitação e estabilidade profissional.
Geração Y ou Millennial (1980 até 1996)
A faixa etária entre 25 e 40 anos presenciou a chegada do novo milênio ainda criança ou bem jovem.
Considerada criativa e alinhada às causas sociais, não tem como prioridades o trabalho intenso, a formação de uma família e a busca por estabilidade na carreira, ao contrário das gerações anteriores.
Acostumados com a tecnologia, são multitarefas, impulsivos, competitivos, questionadores e desejam rápido crescimento profissional e financeiro.
Geração Z (1997 até 2010)
Os jovens que nasceram a partir de 1997, que estão chegando hoje ou ainda vão entrar no mercado de trabalho, são nativos digitais, ou seja, convivem com o universo da internet, mídias sociais e recursos tecnológicos desde sempre.
São multifocais e aprendem de várias maneiras, usando múltiplas fontes e objetos de aprendizagem.
Costumam acompanhar os acontecimentos em tempo real, comunicam-se intensamente por meios digitais e estão sempre online.
Em termos de comportamento, tendem a se engajar com questões ambientais, sociais e identitárias e parecem ser mais conservadores que a geração anterior.
Geração Alfa
A exposição à tecnologia e a telas é ainda mais forte nessa geração.
Com muitos estímulos e acostumados a usar meios digitais para se entreter e buscar informações, requerem uma educação mais dinâmica, ativa, multiplataforma e personalizada.
Essas crianças têm como características a flexibilidade, autonomia e um potencial maior para inovar e buscar soluções para problemas de forma colaborativa.
As crianças dessa geração cresceram com um senso de independência e liberdade substancialmente maior. De um lado, a necessidade de seus pais e cuidadores, de ganhar a vida, do outro, possibilidades de fazer consultas no google, a cada dúvida que a mente curiosa produz.
Essas crianças também estão mais abertas ao que é diferente. O fácil acesso às informações na internet, aliado a um movimento social de inclusão e aceitação, faz com que essa geração desenvolva mais a empatia.
Como estão acostumadas com vários estímulos simultâneos, as crianças podem apresentar dificuldade de concentração, o que pode atrapalhar seu processo de aprendizagem. Elas tendem a ter menos tolerância para a espera e para a frustração. Isso contribui para o potencial aumento da ansiedade e para a dificuldade de colocar a resiliência em prática.
Para a Geração Alpha, não existe mais separação entre o digital e a “vida real”. Isso faz com que tenham novas formas de se relacionar, de aprender e de experimentar o mundo à sua volta. Um desafio que chega com eles é com relação à educação emocional.
Essa geração pode ser mais antenada e esperta para dispositivos eletrônicos e também pode estar por dentro de temas complexos, como política, e ter mais facilidade para identificar, por exemplo, fake news.
No entanto, a criança ainda precisa de ajuda para desenvolver-se emocionalmente e saber reconhecer e lidar melhor com seus sentimentos.
Outra característica da Geração Alpha é ter nascido de pais mais velhos, em geral em unidades familiares menores, com lares com somente um filho.
Com a rotina corrida, aproveitar cada momento juntos é essencial; na verdade, os Alphas aprenderão a valorizar muito mais as experiências do que os objetos e bens materiais.
A tecnologia, as múltiplas telas e a conexão 100% do tempo faz com que os Alphas sejam bombardeados com estímulos visuais, sonoros e interativos em qualquer lugar e momento. Isso gera uma aceleração no desenvolvimento de certas habilidades, como fazer mais de uma tarefa ao mesmo tempo e estabelecer conexões entre diferentes assuntos, mas por outro lado pode prejudicar outras capacidades, como a concentração e a paciência.
Mais livres, versáteis, questionadores e hiper-conectados: a Geração Alpha chegará aos 2 bilhões de pessoas no mundo até 2025 e promete trazer mudanças ainda mais profundas para a sociedade.
Quando forem adultos, terão presenciado muitos anos de ativismo dos novos movimentos sociais e terão tido uma oportunidade que as gerações anteriores não tiveram: a de ouvir, desde pequenos, sobre antirracismo, anti-capacitismo, anti-machismo, anti-classismo, anti-especismo – e muito mais, pois terão tido a oportunidade de assistir seus pais (e os amigos dos pais) saírem do armário, assumirem suas identidades, desbravando território para uma existência pautada na garantia dos direitos humanos.
A visão de mundo dos Alphas é sobre a igualdade: eles enxergam cada vez menos barreiras entre as pessoas, enxergando a diversidade com naturalidade – para eles, ser diferente é normal. Separações como “coisas de menino” e “coisas de menina” caem por terra para essa geração, em que as crianças apresentam comportamentos menos limitados pelos estereótipos. As transexualidades também serão naturalizadas em seus convívios, e farão parte de seu repertório de experiências; corpos não serão mais um tabu tão grande, como ainda o são, para a geração Y (que já está em processo de desconstrução, mas ainda em uma fase de muita luta e ativismo, minimamente no Brasil, que é o país que mais mata pessoas trans).
Essa também será a geração que sofrerá a crise climática e presenciará o surgimento de refugiados climáticos; correrá na contramão do colapso ambiental provocado pelas gerações anteriores. É uma geração muito importante, para a (re?)construção da dignidade humana, num cenário de conexão mundial, novos movimentos sociais, e, de quebra, transição para o transhumanismo, já que a tecnologia não só atravessa todas as suas atividades, mas tenderá, também, a atravessar seus corpos.
Eles, os Alphas, são uma geração-esperança, para muitas reparações humanas que estão em andamento.
Autora: Sonia Menezes
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Sonia Menezes é escritora e psicóloga clínica, especializada em telepsicologia. Com formação em Psicologia, conta com uma Extensão em Ética de Direitos Humanos, e é pós-graduanda em Antropologia e Psicologia Social , e também em Diversidade Sexual e de Gênero. Autora do livro “O Amor, o Amar e os Amantes – Uma conversa sobre relações mono e poliafetivas”. Idealizadora dos projetos:
*Rizoma – Psicologia e Saúde Integral
*Zeitgeist – Grupo de Reflexões sobre Tecnologia e Psicologia
*Co-criar – Mulheres da Mantiqueira
*LibertAmor – Estudos sobre Amor e Relacionamentos.
Amante da natureza, cultiva profundo respeito pela alteridade, solidarizando com os movimentos de libertação humana e libertação animal. Sonha com um mundo onde o sofrimento seja minimizado e acredita que o caminho é o despertar da consciência crítica.