O que as pessoas têm muita resistência em aceitar é que quando amamos alguém, devemos saber, de antemão, que essa pessoa já está perdida para nós… De uma forma ou de outra… Mais tempo ou menos tempo… Nem que seja pela morte.
Então, porque desejar aprisionar o outro num lugar em que ele não poderá permanecer?
Pior: porque se aprisionar numa ilusão fatal, em vez de permitir que a vida flua em vida?
O Amor liberta. Amar liberta.
E será que precisamos, mesmo, algemar as pessoas que amamos?
Será que a pessoa que amamos nos amará mais ou melhor, se estiver amarrada?
Se quiser ver um outro alguém , mas for obrigada a estar conosco?
Se tiver que fingir pra si próprio que está feliz ali, embora seu desejo esteja indo noutra direção??
‘A angústia do amor e um temor de um luto que já ocorreu, desde a origem do amor, desde o momento em que fiquei encantado’.
‘Sera preciso que alguém pudesse me dizer: “Não fique mais angustiado, você já o(a) perdeu”‘.
Winnicott, em “O Temor do Aniquilamento“, compara a angústia do amor ao psicótico, que vive sob o temos do aniquilamento (do qual as diversas psicoses seriam apenas defesas).
Mas o temor clínico do aniquilamento é o temo de um aniquilamento que já foi experimentado (primitive agony) (…) e há momentos em que um paciente precisa que lhe digam que o aniquilamento cujo temor mina a sua vida, já ocorreu.
(Fragmentos de um discurso amoroso – Roland Barthes).
Ninguém é obrigado a estar com outra pessoa. Se isso acontece, deve ser por desejo e escolha, e não por sentir-se preso.Isso parece absurdo, falando assim, mas sendo absurdo, o coerente é que nenhuma atitude de controle e possessão deveria ser tolerada.
Quando aprenderemos a respeitar com profundidade?
Post original, da mesma autora, em 02 de Maio de 2016
Autora: Sonia Menezes
Sonia Menezes é escritora e psicóloga clínica, especializada em telepsicologia. Com formação em Psicologia, conta com uma Extensão em Ética de Direitos Humanos, e é pós-graduanda em Antropologia e Psicologia Social , e também em Diversidade Sexual e de Gênero. Autora do livro “O Amor, o Amar e os Amantes – Uma conversa sobre relações mono e poliafetivas”. Idealizadora dos projetos:
*Rizoma – Psicologia e Saúde Integral
*Zeitgeist – Grupo de Reflexões sobre Tecnologia e Psicologia
*Co-criar – Mulheres da Mantiqueira
*LibertAmor – Estudos sobre Amor e Relacionamentos.
Amante da natureza, cultiva profundo respeito pela alteridade, solidarizando com os movimentos de libertação humana e libertação animal. Sonha com um mundo onde o sofrimento seja minimizado e acredita que o caminho é o despertar da consciência crítica.