Respeita o que não te espelha
- Postado por Sonia Menezes
- Categorias Assuntos Gerais, Cidadania
Nós somos educados(as) desde criança, ouvindo falar sobre respeito, das mais diferentes formas.
“Respeita a professora! Respeita os coleguinhas! Fulano é de respeito! Fulana não se dá o respeito! Me respeita, sou sua mãe! Respeito é a base de tudo!”
Acontece que, de alguma forma, na prática, as pessoas pobres não recebem o mesmo respeito que as de classe média, nem as mulheres recebem o mesmo respeito que os homens, nem o(a)s empregado(a)s subalternos, que os gerentes, nem as pessoas idosas, que os jovens adultos, e assim por diante. A lista é infindável.
Somos ensinados a oferecer respeito àqueles que dentro de padrões normativos, se aproximam mais dos valores dominantes. Isso faz com que as diferenças acabem se transformando em desigualdades e que fenômenos sociais indesejados sejam frequentes. A coisa acontece de forma tão efetiva, que as próprias pessoas desprivilegiadas reproduzem esses parâmetros.
Querido(a) leitor(a),
fazendo um tour pelo portal Libertária Mente, você vai encontrar todos os nossos artigos. Além disso, vai curtir conhecer a loja e os cursos. E pra você que produz conteúdo sobre consciência crítica, estamos com as inscrições abertas para redatores voluntários. Venha fazer parte da Libertária Mente!
Ainda escutamos, hoje em dia, pessoas dizendo que quem vive na rua, ou não trabalha, ou é usuário de substâncias, ou se prostitui para viver está nessa posição por escolha.
Sim, sempre existem escolhas, dentro de algum horizonte, mas a meritocracia aniquila a possibilidade de equidade, culpabilizando as pessoas que não se encontram em posição considerada bem-sucedida, pelo fracasso social.
O que podemos fazer, para minimizar o estrago feito numa sociedade de desigualdades?
Em primeiro lugar, partir de uma atitude em que duvidamos que as pessoas sejam inferiores por, aparentemente, não espelharem o que o padrão normativo pede.
Autora: Sonia Menezes
Em segundo lugar, devemos aprender a questionar o que vem como dado, o que nos chega como modelo. O modelo favorece a quem? É um modelo que sustenta o crescimento de todos? Quem ganha com o que o modelo sugere?
Em terceiro lugar, devemos parar de confundir o sentimento de respeito, com a obrigação social e de cidadania, do respeito.
É fácil perceber como pessoas potentes, jovens, saudáveis, belas, abastadas, intelectuais, que falam bem, se vestem bem, são agradáveis… impactariam positivamente, gerando sentimento de admiração e consequente respeito.
O que sobraria do outro lado?
MUITA GENTE! Gente que não acesso a boa alimentação, nem a estudos qualificados, nem a cuidados emocionais, nem sequer a uma remuneração decente por seu trabalho, que lhe proporcionasse os direitos básicos de forma segura.
É fácil entender, como seria custoso, respeitar alguém que esteja em conflito com a lei, que tenha uma história de transgressões e que represente uma ameaça social, de alguma forma. O que eu convido, aqui, é que entendamos que enquanto as diferenças sociais forem tão discrepantes, teremos situações de indignidade humana acontecendo.
E também convido à reflexão sobre respeitar somente àquilo que parece respeitável.
Relacionado
Sonia Menezes é escritora e psicóloga clínica, especializada em telepsicologia. Com formação em Psicologia, conta com uma Extensão em Ética de Direitos Humanos, e é pós-graduanda em Antropologia e Psicologia Social , e também em Diversidade Sexual e de Gênero. Autora do livro “O Amor, o Amar e os Amantes – Uma conversa sobre relações mono e poliafetivas”. Idealizadora dos projetos:
*Rizoma – Psicologia e Saúde Integral
*Zeitgeist – Grupo de Reflexões sobre Tecnologia e Psicologia
*Co-criar – Mulheres da Mantiqueira
*LibertAmor – Estudos sobre Amor e Relacionamentos.
Amante da natureza, cultiva profundo respeito pela alteridade, solidarizando com os movimentos de libertação humana e libertação animal. Sonha com um mundo onde o sofrimento seja minimizado e acredita que o caminho é o despertar da consciência crítica.