Intolerância Religiosa
- Postado por Samir Dias
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No dia 23 de abril, é comemorado o dia de São Jorge no catolicismo, que no sincretismo religioso é Ogum.
O sincretismo religioso no Brasil, teve início ainda na colonização, os povos indígenas, foram impedidos de cultuar seus deuses, e foram catequisados de forma coercitiva.
Isso ocorreu durante os séculos seguintes até que chegaram os povos de origem banto, ioruba, daomés, muçulmanos sudaneses que já traziam um sincretismo com religiões de matriz africanas, entre outras inúmeras culturas e religiões.
No século 19 principalmente, houve um aumento considerável na diversidade cultural entre os escravizados que vinham de inúmeros povos em África.
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O sincretismo não é algo brasileiro, sempre ocorreu.
Quando um povo, conquistava novas terras, era comum a população local ter que adotar a crença do conquistador.
Um dos exemplos mais palpáveis é a sincretização greco-romana, como por exemplo Zeus sendo assimilado como Júpiter.
O mais interessante nesse processo é o cuidado em assimilar não só novos nomes, mas características físicas e metafísicas.
Dessa forma, como uma forma de resistência, ainda hoje por medo da repressão, muitas pessoas que cultuam Ogum, dizem cultuar São Jorge, que são dois guerreiros e protetores de seu povo.
Os escravizados, sofriam represálias e eram proibidos de exercer sua fé, com isso o sincretismo foi algo fundamental para a continuidade da tradição religiosa.
Ainda hoje, é muito comum ver pessoas sendo preconceituosas, falando absurdos sobre religiões de matrizes africanas.
O dia de São Jorge/Ogum é feriado no estado do Rio de Janeiro, então é muito comum ouvir, ler e ficar sabendo de muitos absurdos que ocorrem por aqui.
O maior problema, observado por mim, é que as religiões de matriz africanas sofrem inúmeros ataques só por serem a religião de um povo preto.
Não é pelo fato de ter oferendas, ter velas e vestes coloridas, pois inúmeras outras também tem, inclusive muitas religiões hoje consideradas mitologias, possuem os mesmos elementos.
As religiões nórdicas, são um grande exemplo disso, em que os sacrifícios, em alguns casos eram de sangue e carnes humanas, o diferencial é que são deuses de pele branca.
Thor e Loki, ganharam releituras pop, e tem espaço no mundo ocidental.
Isso, sem contar o embranquecimento das representações de figuras religiosas de origem judaico-cristã.
Falar sobre minorias, é muito mais que valorizar a culinária (ou pelo menos uma parte dela), as roupas (lenços e turbantes), o samba (que foi extremamente lapidado e embranquecido), ou até mesmo o Rock And Roll um estilo de origem preta e suburbana, que foi reconhecido apenas quando um homem branco começou a cantar.
Precisamos falar sobre respeito à história e ancestralidade de um povo que ainda clama por liberdade, que o dia de Ogum seja, sempre, um dia de reflexão para vocês.
Autoria: Samir Dias
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Samir A. S. Dias
Psicólogo pela Faculdade Sul Fluminense, de Volta Redonda – RJ. Homem preto, apaixonado pela abordagem cognitivo comportamental, leitor assíduo de Skinner e Bauman. Acredito que a mudança de comportamento (individual e social), pode proporcionar condições diferentes para o ser humano se desenvolver.