Dignidade, Orgulho e Visibilidade Trans, Salve!
- Postado por Sonia Menezes
- Categorias Cidadania
Em 2004, o Brasil instituiu do dia 29 de janeiro como Dia Nacional da Visibilidade Trans.
A data foi criada para celebrar o orgulho, visibilidade e também resistência da comunidade transgênero no país. É ainda um momento para ações ativistas pelos direitos, políticas públicas e segurança dessa parcela da população.
No senso comum, o sexo é um rótulo que o médico nos dá ao nascer, de acordo com uma série de fatores fisiológicos como a genitália, os hormônios e os cromossomos que carregamos. Chamaremos de sexo atribuído.
A maioria das pessoas recebe o gênero masculino ou feminino, e é isso que geralmente aparece na certidão de nascimento. Uma pessoa com cromossomos XX geralmente tem órgãos sexuais e reprodutivos femininos e, portanto, geralmente é designada como do sexo feminino.
Uma pessoa com cromossomos XY geralmente tem órgãos sexuais e reprodutivos masculinos e, portanto, geralmente é designada como do sexo masculino.
Isso não exclui outras combinações de cromossomos, hormônios e órgãos que podem levar uma pessoa a se considerada intersexual.
Precisamos, enquanto cidadãos, reaprender a lidar com os diferentes gêneros, porque o entendimento que nos é transmitido é totalmente biologizado e limitado. Romper com o binômio cultura-natureza (gênero-sexo) é fundamental para sair do binarismo: as posições que se colocam entre termos opostos como feminino/masculino, não nos permitem ver a complexidade da realidade. O problema é que a cisnormatividade gera um campo de preconceito fortíssimo como resultado se ser aceita como ‘alinhada’ (sexo atribuído alinhado com gênero), logo, as demais manifestações são consideradas desalinhadas, erradas, errantes, confusas, desviantes.
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O sexo atribuído e a identidade de gênero de algumas pessoas são praticamente os mesmos ou estão ‘alinhados’, coincidem.
Estas pessoas são conhecidas como pessoas cisgênero. Outras pessoas sentem que o sexo que lhes foi atribuído no nascimento é diferente da sua identidade de gênero. Elas são chamados de transexuais ou transgêneros e nem todas vivem seus processos da mesma forma.
Há também aqueles não se identificam com sexo ou gênero. Essas pessoas podem escolher rótulos como “genderqueer”, não binárias ou de gênero fluido.
O gênero fala sobre o fenômeno da identidade: é como a pessoa se sente, se percebe, se identifica a si própria, e como ela quer ser identificada pelos outros.
E para além do sexo atribuído e do gênero, devemos considerar que a sexualidade da pessoa é ainda outro aspecto de sua existência, independente. É a sua orientação sexual. Orientação sexual refere-se à principal atração romântica, emocional e sexual que uma pessoa sente em relação aos outros. Existe uma ampla gama de orientações sexuais com as quais uma pessoa pode se identificar, que incluem: heterossexualidade; homossexualidade; assexualidade; pansexualidade; bissexualidade.
As pessoas Trans são reprsentadas pela letra T , na sigla LGBTQIA+
Mas não só elas: as Travestis, também!
“Por muito tempo, as pessoas acreditaram que a mulher trans era a ‘mulher operada’. Enquanto travesti era a ‘pessoa que não operou’ e se parecia mais com homem. Esse pensamento é extremamente errôneo e abominável hoje em dia. A gente entende que nada tem a ver com cirurgia ou com o que é mais feminino” (Linn da Quebrada).
Travesti é um termo que está no espectro feminino, entretanto não implica que a pessoa se sinta uma mulher, como acontece no caso das mulheres trans.
É uma identidade que está sendo reafirmada, por ativistas, para levantar a visibilidade e o orgulho que foram cruelmente oprimidos, e que ainda acarretam tanta violência moral e até física.
A Bandeira Trans
A bandeira do Orgulho Transgênero foi criada em 1999 por Monica Helms, uma mulher trans estadunidense. Foi exibida pela primeira vez em uma parada de orgulho em Phoenix, Arizona, Estados Unidos, em 2000. A bandeira representa a comunidade TRANSGÊNERO e consiste em cinco faixas horizontais: duas azuis claras, duas rosas e uma branca no centro.
Sobre as cores, elas têm significados:
Azul: cor tradicional usada pela sociedade para representar os homens;
Rosa: cor tradicional usada pela sociedade para representar as mulheres;
Branco: para representar pessoas não binárias
Transfobia
Há 13 anos no topo da lista, o Brasil continua sendo o país que mais mata pessoas trans em todo o mundo, de acordo com a ONG internacional Transgender Europe – TGEU, que monitora mais de 70 países.
Segundo levantamento da mesma organização, a cada 10 assassinatos de pessoas trans no mundo, quatro ocorreram no Brasil.
Em 2020, 175 assassinatos de pessoas transexuais foram computados no país – é, em média, uma morte a cada dois dias motivada por discriminação pela identidade de gênero, segundo a ANTRA – Associação Nacional de Travestis e Transexuais do Brasil – que reforça que, na prática, há uma subnotificação de casos.
O Dossiê Assassinatos e Violências Contra Travestis e Transexuais Brasileiras feito pela Antra, com apoio de universidades como a Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), Federal de São Paulo (Unifesp) e Federal de Minas Gerais (UFMG), aponta que no ano passado, foram registrados 140 assassinatos de pessoas trans no Brasil.
Deste total, 135 tiveram como vítimas travestis e mulheres transexuais e cinco vitimaram homens trans e pessoas transmasculinas. Mesmo com todos os esforços, os dados coletados não permitem traçar perfis completos das vítimas.
Dos assassinatos com informações sobre a idade – 100 casos -, 53% tinham entre 18 e 29 anos; 28% entre 30 e 39 anos; 10% entre 40 e 49 anos; 5% entre 13 e 17 anos e 3% entre 50 e 59 anos. Quanto à raça, 81% das vítimas se identificavam como pretas ou pardas, enquanto 19% eram brancas.
O estudo da Antra aponta ainda para a falta de ações dos governos no combate à violência contra trans. No Brasil, a transfobia é um crime de racismo.
Para Bruna Benevides, coordenadora do dossiê, “quaisquer atitudes inferiorizantes, degradantes ou humilhantes que pode ou não incluir agressões físicas, verbais, simbólicas, materiais, patrimoniais e/ou psicológicas manifestadas com o intuito de violar direitos, negar acesso ou dificultar a cidadania, coibir a livre expressão de gênero, assim como a de negar o reconhecimento da autodeclaração de gênero de travestis, transexuais e demais pessoas trans, quando sua identidade de gênero for um fator determinante para essas violências ou violações, seja por ação direta ou por omissão”, são considerados comportamentos transfóbicos.
Viver sua própria identidade é um direito!
Autoria: Sonia Menezes
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Sonia Menezes é escritora e psicóloga clínica, especializada em telepsicologia. Com formação em Psicologia, conta com uma Extensão em Ética de Direitos Humanos, e é pós-graduanda em Antropologia e Psicologia Social , e também em Diversidade Sexual e de Gênero. Autora do livro “O Amor, o Amar e os Amantes – Uma conversa sobre relações mono e poliafetivas”. Idealizadora dos projetos:
*Rizoma – Psicologia e Saúde Integral
*Zeitgeist – Grupo de Reflexões sobre Tecnologia e Psicologia
*Co-criar – Mulheres da Mantiqueira
*LibertAmor – Estudos sobre Amor e Relacionamentos.
Amante da natureza, cultiva profundo respeito pela alteridade, solidarizando com os movimentos de libertação humana e libertação animal. Sonha com um mundo onde o sofrimento seja minimizado e acredita que o caminho é o despertar da consciência crítica.