É possível migrar para o minimalismo?
- Postado por Sonia Menezes
- Categorias Bem-Estar
Como o próprio nome sugere, minimalismo se traduz como a iniciativa de ter menos coisas, ou apenas coisas realmente necessárias. Trata-se da adoção de uma vida mais simples, em que a felicidade não está associada ao acúmulo de posses, mas ao significado que as pessoas dão a cada item da sua cesta de consumo.
Está na moda, falar sobre minimalismo, mas esse conceito não é tão novo assim. Assim como outros conceitos, este apenas está sendo relido, atualizado, para esses tempos em que vivemos. A palavra “minimalismo” surgiu de movimentos artísticos do século 20 que seguiam como preceito o uso de poucos elementos visuais, e, aos poucos, foi migrando para o campo do social. É uma expressão comportamental da sociedade, já que o minimalismo é um reflexo de movimentos contraculturais anteriores, que questionaram a sociedade de consumo e seus excessos.
Para alguém que nunca ouviu o termo antes, é normal a pessoa pensar em pobreza e privação, mas o minimalismo é, interessantemente, o oposto disso. A verdade é que pessoas são mais importantes que coisas. E também é verdade que o minimalismo não é uma competição sobre quem tem menos coisas. O que se busca é ter mais tempo, mais espaço, mais paixão, mais experiências. Limpar a bagunça do caminho da vida para sermos mais livres. É um equacionamento que lida com “ter coisas versus ter tempo”. Outra mudança que o minimalismo traz, consiste na percepção de espaço.
Diferente dos contraculturais, contudo, os minimalistas não buscam construir uma sociedade alternativa, mas têm buscado combater o consumismo por dentro do sistema. Isso quer dizer que eles trabalham, se vestem normalmente e também consomem. Em certa medida, os minimalistas se aproximam mais dos capitalistas clássicos descritos por Max Weber: capitalismo não é o problema para eles, mas sim esse capitalismo selvagem ancorado na ostentação e no desperdício.
Sair do ciclo de consumismo infinito pode trazer uma sensação de maior autonomia, de abundância de tempo, e de que não é necessário trabalhar exaustivamente, para conseguir mais dinheiro, para alcançar essa ou aquela situação material. O minimalismo é empoderador e promove um corte com a ideologia que valoriza mais o lucro do que a nossa saúde física e mental. Pense nisso!
Primeiro, seria interessante que o conceito tomasse uma forma inicial dentro de você. Determine a sua própria noção inicial de minimalismo e comece pequeno, sem o desespero de ter que “dar fim” às suas coisas. Assim, a transição poderá ser tranquila.
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A próxima etapa é a de arrumar a bagunça. Faça a pergunta ‘eu preciso mesmo disso? ‘ o tempo inteiro. Essa etapa tende a não acabar nunca, mas ela vai se tornando menos sofrida, mais automática, porque esse pensamento passa a fazer parte da sua mentalidade.
Outro ponto importante é: Invista em qualidade. Não é sobre não gastar, mas gastar com algo que tenha características duráveis, ou de usabilidade inquestionável, e que vá fazer sua vida funcionar melhor, de fato. É algo do tipo: se você precisa, vale!
A outra face disso é sobre os apegos em itens que não são necessários, mas são muito simbólicos e têm carga emocional robusta. Faz você feliz? Mantenha!
A transição é um processo e todo ele pode ser bem legal, não só quando você “chegar lá” na sua meta, mas pela própria experiência de ir ressignificando objetos, valores, qualidade e modo de viver.
Fazer a transição de um estilo consumista para o modo de viver minimalista é possível, sim!
E é uma jornada, portanto, boa viagem!
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Sonia Menezes é escritora e psicóloga clínica, especializada em telepsicologia. Com formação em Psicologia, conta com uma Extensão em Ética de Direitos Humanos, e é pós-graduanda em Antropologia e Psicologia Social , e também em Diversidade Sexual e de Gênero. Autora do livro “O Amor, o Amar e os Amantes – Uma conversa sobre relações mono e poliafetivas”. Idealizadora dos projetos:
*Rizoma – Psicologia e Saúde Integral
*Zeitgeist – Grupo de Reflexões sobre Tecnologia e Psicologia
*Co-criar – Mulheres da Mantiqueira
*LibertAmor – Estudos sobre Amor e Relacionamentos.
Amante da natureza, cultiva profundo respeito pela alteridade, solidarizando com os movimentos de libertação humana e libertação animal. Sonha com um mundo onde o sofrimento seja minimizado e acredita que o caminho é o despertar da consciência crítica.